Introdução
O presente trabalho pretende usar a escola
soviética para comparar os seguintes textos: "Dina" e "Raiva".
O comparativismo soviético procura, inicialmente distinguir as importações culturais e codificar a literatura dos países socialistas e, num novo passo, do Formalismo Russo, (Tynianov, Mukarovsky, Bakhtin, Jakobson) que busca entender a literatura em que, junto com o social, o político e o estético, em articulações entre sistemas literários e não-literários, onde as influências já são tidas como estratégias, compondo sistemas e subsistemas. Nesse sentido: Tynianov alerta que “um mesmo elemento tem funções diferentes em sistemas diferentes”, o que nos leva a pensar que um elemento, retiratado de seu contexto, já não pode ser considerado idêntico, os soviéticos adotam a compreensão como produto da sociedade. Preocupam se em distinguir entre analogias tipológicas e importações culturais que, correspondem sempre a situações similares na evolução social.
Com esta escola, pegar-se-há, no nível estrutural para fazer a comparação dos textos acima citados.
Para facilitar a abordagem, citar-se-há, durante o desenvolvimento do texto, Luís Bernardo Honwana por (LBH) e Issac Zita (IZ).
O comparativismo soviético procura, inicialmente distinguir as importações culturais e codificar a literatura dos países socialistas e, num novo passo, do Formalismo Russo, (Tynianov, Mukarovsky, Bakhtin, Jakobson) que busca entender a literatura em que, junto com o social, o político e o estético, em articulações entre sistemas literários e não-literários, onde as influências já são tidas como estratégias, compondo sistemas e subsistemas. Nesse sentido: Tynianov alerta que “um mesmo elemento tem funções diferentes em sistemas diferentes”, o que nos leva a pensar que um elemento, retiratado de seu contexto, já não pode ser considerado idêntico, os soviéticos adotam a compreensão como produto da sociedade. Preocupam se em distinguir entre analogias tipológicas e importações culturais que, correspondem sempre a situações similares na evolução social.
Com esta escola, pegar-se-há, no nível estrutural para fazer a comparação dos textos acima citados.
Para facilitar a abordagem, citar-se-há, durante o desenvolvimento do texto, Luís Bernardo Honwana por (LBH) e Issac Zita (IZ).
Documentação social
O
texto "Dina" de Luiz Bernardo Honwana e "A Raiva" de Issac Zita têm uma
semelhança, de ponto de vista de contexto, conteúdo até mesmo do género e, se não
forem lidos com a devida atenção, num trabalho de pesquisa, facilmente pode se chegar a precipitada
conclusão que, um dos autores (principalmente o que publicou tempo depois do
primeiro texto) plagiou o outro, é preciso um olhar sobre o texto, capaz de
determinar os aspectos importantes, não apenas em função das intenções
do autor, mas em seus objectivos de leitura, no caso de presente trabalho, o objectivo é explorar a parte estrutural desses contos.
Geralmente, nos textos narrativos, encontramos dois planos principais que dividem
os elementos que fazem um todo. Trata-se do Plano da
história, um subdomínio que, na análise estrutural não pode faltar,
principalmente quando se trata de textos narrativos, assim, no plano da
história consideram-se as personagens, as acções e os espaços, isto é, estes aspectos incorporam no plano da história e tem o seu peso estrutural específico nas
suas relações de interdependência que, mais adiante, com passagens textuais abordaremos. Plano do discurso, este é um elemento muito importante, quer ao nível
do retrato das personagens, quer ao nível da representação do espaço social e
geográfico, este elemento é fundamental para a comparação dos textos,
principalmente os que estão sendo trabalhados, porque a perspectiva e a voz, nas
suas modalidades, são estratégias discursivas de uma importância decisiva na configuração
do modo narrativo que cada um dos textos em analise apresenta e, se distingue do
outro. Sobre isso, abordaremos mais adiante.
São vários os aspectos que aproximam os dois textos,
seja lá qual for o nível de abordagem que estiver aplicando para a abordagem.
Sobre os aspectos que divergem, também pode se dizer o mesmo, portanto, estamos perante
dois textos completamente diferentes de ponto de vista estrutural, desde o
estatuto do narrador à distribuição dos elementos que, fazendo um todo, formam
a estrutura do texto.
Em quantos que em "Dina" temos um narrador heterodiegético (aquele que relata uma historia à qual é estranho, uma vez que não integrou, como perssonagem e que se exprime na terceira pessoa)
Em contrapartida, o texto "A Raiva" apresenta-nos um narrador auto diegético (aquele que relata as suas próprias experiencias como personagem central dessa história. É um Narrador/protagonista) Eis o trecho que prova essa diferença:
Em quantos que em "Dina" temos um narrador heterodiegético (aquele que relata uma historia à qual é estranho, uma vez que não integrou, como perssonagem e que se exprime na terceira pessoa)
“O Madala inclinou-se para a frente e enrolou o caule de um arbusto em volta do pulso.” (HONWANA, p. 77)Esta é a passagem textual que prova a diferença do ponto de vista de estatuto de narrador, um dos elementos que incorporado com muitos outros, formam um todo.
Em contrapartida, o texto "A Raiva" apresenta-nos um narrador auto diegético (aquele que relata as suas próprias experiencias como personagem central dessa história. É um Narrador/protagonista) Eis o trecho que prova essa diferença:
“Voltou a vergar-me para o chão…” (ZITA p. 17)O narrador em "Dina" é mais espontâneo e pode partilhar o ponto de vista de uma personagem inserida na história (focalização interna)
“… o Madala observou a dança bonita dos seus músculos assustadiço debaixo da pele da cor da areia do rio” (HONWANA p.62)Essa é uma das diferenças fundamentais que os dois narrados tem e, logo, os textos são diferentes nesse aspecto. O narrador em "Dina" apresenta-nos até o que os personagens sentem, o que lhes vai na alma e espírito como personagens:
“Sentiu nas coxas nuas a carícia morna e áspera dos dedos calosos do homem” (HONWANA, p.70)é o narrador que nos transmite muita informação sobre os personagens que, o narrador em "A Raiva", está interdito ou limitado de o fazer, este narrador apenas tem acesso aos seus próprios sentimentos, seu próprio interior como personagem
“… — pensei eu coçando a barba grisalha no meu queixo. (…) — Perguntou me uma voz interior” (ZITA p, 18)Ainda neste conto, o Narrador/protagonista apresenta-nos uma focalização diferente daquela “Tinha largado a catana e o meu olhar, vagueava pelas canas que, ondulando ao vento, pareciam até estar a rirem-se de mim” estamos perante uma focalização interna (aquela que relaciona-se com uma certa imagem privilegiada pelo narrador, privilegiando a imagem da personagem), estes são os aspectos principais que diferenciam os dois textos.
Tanto no texto de Luiz Bernardo Honnwana como do Izac Zita, temos um personagem
principal com as mesmas características, um velho já desgastado, sem energia
compatível para o trabalho que faz, cremos não haver necessidade de trazer
passagem textual para esses casos.
Ainda em ambos textos, temos, como personagens secundária, jovens de saúde activa, energias compatíveis para o trabalho que fazem, a partir da descrição dessas diferenças entre os personagens tanto num como no outro conto, faz-se um contraste entre personagens. O capataz que representa a autoridade tanto num como no outro. Essas semelhanças de ponto de vista de personagens secundárias são violados quando consideramos a presença da Maria no conto "Dina" que, não fazendo parte do pessoal da machamba, aumenta o efectivo dos personagens nesse conto, neste ponto, sim, temos uma diferença ou divergência nos dois textos, uma vez que em "A Raiva", apenas o efectivo da machamba faz o papel de personagens secundário (N’tchavane, capataz) e outros figurinos
Ainda em ambos textos, temos, como personagens secundária, jovens de saúde activa, energias compatíveis para o trabalho que fazem, a partir da descrição dessas diferenças entre os personagens tanto num como no outro conto, faz-se um contraste entre personagens. O capataz que representa a autoridade tanto num como no outro. Essas semelhanças de ponto de vista de personagens secundárias são violados quando consideramos a presença da Maria no conto "Dina" que, não fazendo parte do pessoal da machamba, aumenta o efectivo dos personagens nesse conto, neste ponto, sim, temos uma diferença ou divergência nos dois textos, uma vez que em "A Raiva", apenas o efectivo da machamba faz o papel de personagens secundário (N’tchavane, capataz) e outros figurinos
“Todos largaram o trabalho” (ZITA p, 19)Portanto, a presença da Maria não faria tanta diferença se considerássemos apenas como personagem secundária sem olhar para a função de cada integrante desse grupo de personagens. Em "Dina", faz parte de personagens secundarias (Djimo, capataz, Maria)
De ponto de vista da descrição, "Dina" apresenta nos uma descrição mais
aprofundada e, apesar do seu foco estar centrado no Madala, como personagem
principal, outros personagens são descritos intimamente e exteriormente
diferente do conto "A Raiva" onde o
narrador está centrado apenas no que consegue ver e ouvir, portanto, a
descrição de espaço, tempo, acções e o seu interior são os únicos dados que
podemos obter no narrador de Izac Zita, diferente da descrição encontrada em "Dina", onde descreve-se o íntimo de
personagens estando ele como não perto do Madala:
“A capulana da Maria desprendeu-se durante a breve luta e a sensao fria de agua tornou-se-lhe mais vívida” LBH p.70O espaço, de ponto de vista de contexto é, em ambos textos igual (Machambas) mesmo que se cultive culturas diferentes, portanto, tanto num como no outro conto o espaço físico é a machamba, mas se entrarmos em profundos detalhes encontraremos mais descrições, não só de espaço como de outros elementos que fazem a estrutura em "Dina" do que em "A Raiva". O tempo histórico é o mesmo, para ambos contos, encontramos em "Dina" uma analepse que faz dupla função: descreve um evento que aconteceu no passado “O Pitarrossi morrera mordido por uma cobra…” e introduz uma nova personagem no texto (Maria).
Apesar de os dois contos estarem representados numa
grelha estrutural em prosa não deixam de ser documentos sociais pois os valores
e épocas históricas estão guardados em forma de ficção.
Conclusão
De ponto
de vista de estrutura, os elementos que aproximam os dois textos são vário apesar
de apresentarem o estatuto do narrador diferente um do outro. É essa
divergência de estatuto de narrador que distingue alguns aspectos dos textos de
IZ de LBH, essa distinção está mais ao nível da descrição do que doutros
aspectos estruturais, temos, em ambos textos, personagens principais com mesmas
características, personagens secundárias, idem, assim como figurirantes que fazem o
universo narrativo dos dois textos. O tempo e espaço são quase similares, por
tento temos mais aspectos que aproximam os dois textos, os que divergem podem ser
encontrados depois duma analise profunda dos mesmo textos.
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